Quem é: Haile Selassie
Haile Selassie, nascido Ras Bitwaddad Tesfaye, foi o imperador da Etiópia de 1930 até 1974. Ele é amplamente reconhecido como uma figura central na história africana e um símbolo de resistência contra o colonialismo. Seu reinado foi marcado por esforços significativos para modernizar a Etiópia, promovendo reformas sociais, políticas e econômicas que buscavam transformar o país em uma nação moderna e independente.
Infância e Juventude
Haile Selassie nasceu em 23 de julho de 1892, em Ejersa Goro, na Etiópia. Desde jovem, ele demonstrou habilidades de liderança e uma profunda compreensão das tradições e culturas etíopes. Ele foi educado em um ambiente que valorizava a história e a cultura do seu país, o que moldou sua visão de um futuro próspero para a Etiópia. Sua ascensão ao poder começou quando foi nomeado governador da província de Harar, onde implementou reformas administrativas e sociais.
Ascensão ao Trono
Em 1930, após a morte do imperador Menelik II, Haile Selassie foi coroado imperador da Etiópia. Sua coroação foi um evento grandioso que atraiu a atenção internacional. Durante seu reinado, ele buscou modernizar o país, introduzindo um sistema educacional ocidental, promovendo a industrialização e estabelecendo uma nova constituição que garantiu direitos civis aos cidadãos etíopes. Essas reformas, no entanto, enfrentaram resistência de nobres tradicionais e da elite conservadora.
Conflito com a Itália
Um dos eventos mais significativos durante o reinado de Haile Selassie foi a invasão italiana em 1935. A Etiópia foi atacada pelo regime fascista de Benito Mussolini, resultando em uma guerra brutal. Haile Selassie fez um apelo à Liga das Nações, buscando apoio internacional contra a agressão italiana. Apesar de seus esforços, a Liga não conseguiu intervir efetivamente, e a Etiópia foi ocupada até 1941, quando as forças aliadas, junto com os etíopes, conseguiram libertar o país.
Retorno ao Poder e Modernização
Após a Segunda Guerra Mundial, Haile Selassie retornou ao poder e continuou suas reformas. Ele se tornou um defensor da unidade africana e foi um dos fundadores da Organização da Unidade Africana (OUA) em 1963. Seu governo promoveu a educação e a saúde, mas também enfrentou críticas por sua abordagem autoritária e pela falta de liberdade política. A modernização da Etiópia trouxe benefícios, mas também gerou desigualdades sociais que se tornaram um ponto de tensão.
O Movimento Rastafári
Haile Selassie é uma figura central no movimento Rastafári, que surgiu na Jamaica na década de 1930. Os rastafáris veem Selassie como uma encarnação divina e um símbolo de resistência contra a opressão. Sua visita à Jamaica em 1966 foi um marco histórico, solidificando sua imagem como um líder espiritual. O movimento Rastafári promove a cultura africana e a identidade negra, e a figura de Selassie é reverenciada como um ícone de liberdade e dignidade.
Queda do Império e Exílio
Em 1974, Haile Selassie foi deposto por um golpe militar liderado pelo Derg, um grupo marxista-leninista. Ele foi preso e, posteriormente, exilado. Durante seu exílio, a Etiópia enfrentou uma grave crise econômica e social, com a implementação de políticas que levaram a uma severa repressão e à fome. A queda de Selassie marcou o fim de uma era na história etíope e teve repercussões significativas para o continente africano.
Morte e Legado
Haile Selassie faleceu em 27 de agosto de 1975, sob circunstâncias controversas. Seu legado, no entanto, perdura. Ele é lembrado como um defensor da soberania africana e um ícone da luta contra o colonialismo. Sua visão de unidade africana e seu papel na modernização da Etiópia continuam a ser estudados e debatidos. O impacto de seu governo e suas ideias ainda ressoam na política e na cultura africanas contemporâneas.
Reconhecimento Internacional
Haile Selassie é frequentemente homenageado em diversas partes do mundo, especialmente em eventos que celebram a cultura africana e a luta pela liberdade. Sua imagem é utilizada em obras de arte, músicas e literatura, refletindo sua influência duradoura. Além disso, ele é lembrado como um dos primeiros líderes africanos a falar na Assembleia Geral das Nações Unidas, defendendo a autodeterminação dos povos africanos e a igualdade entre as nações.